Conceição Rodrigues Layoun, pseudônimo Preta, nasceu em Ouro Preto e iniciou-se na pintura Naif em 1988. Dedicando-se a traduzir na tela o que vivenciou na sua infância, assim como cenas do folclore brasileiro, destacou-se na profissão pela delicadeza do traço e ingenuidade dos quadros. Selecionada duas vezes pela Bienal de Piracicaba, em São Paulo, Preta foi convidada também para fazer parte do acervo do Museu Internacional de Pintura Naif no Rio de Janeiro.

preta Layoun

Nessa pintura mais recente de Preta Layon, ela superou a si mesma. Nas palavras do poeta Geraldo Reis “ela se debruça na janela de si própria”. A pintura evoca toda sua vida no contato com a natureza no Sítio Jacuba , uma bela reserva florestal por trás do Camping Clube de Ouro Preto onde ela viveu até aos 22 anos . Essa obra é um canto de louvor ‘à sua cidade natal e ‘à natureza. É uma explosão de cor, alegria e acima de tudo de brasilidade. É sua volta ‘às origens no Sítio Jacuba onde fora criada. No mundo conturbado de hoje em que impera o capitalismo, a solidão da internet e a agressão imperdoável e incessante à natureza, essa pintura surge para resgatar a beleza do contato com a relva, com a fauna e flora e com a paisagística antiga de Ouro Preto. Nessa mais recente fase em que a artista ousou se soltar mais, no dizer de Angelo Oswaldo, atual presidente do IBRAM : Ouro Preto aparece como um jardim do paraíso, repleto de árvores e pássaros, em meio a cores que nos sugerem sons, e pinceladas que parecem voo. É uma composição naïf de encantadora singeleza, marcada pela plasticidade dinâmica e originalidade.

Elias Layon

As obras da artista Preta Layon retratam a alma colorida da natureza (animais, pássaros, sentimentos, árvores, flores, casas…), resgatando simplicidades ampliadas, que nossos olhos fatigados e automatizados pelo cotidiano já não veem mais. A natureza é fonte de inspiração e pulsão da artista mineira de Ouro Preto e Mariana, Preta Layon. Com traços singelos, vibrantes e bem arrematados, a artista narra o universo interior do lirismo de um mundo que preza e preserva as coisas tangíveis da natureza. Seus pincéis dão vida a um mundo ideal no requinte de matizes coloridos. Feito fada, com sua vara de condão impregnada de tintas e sonhos, a artista traça sentimentos, sonhos e um amor incondicional pela pureza. Feito o mestre Rousseau, Preta faz composições densas da flora e da fauna, para trazer à tona o mundo dos sonhos (…) A ingenuidade nesta coleção, característica basilar da arte naif, transforma-se em pureza, liberdade, poesia e criatividade.

Deia Leal

Você, aquela concebida que gera a magia dos atos ou dos fatos e de seus efeitos em conceber. A que se que vê que tem a faculdade de ricamente inventar, de criar idéias, formas e formatos e ainda, do bem e do bom imaginar, seja o que for. E daí então pintar.

Esses atributos flutuam todos livres em você, ainda mais, sendo criatura que veio dos jardins e vem de ser um ser simples, a começar pela criança de si que perpetua e que cultiva. É assim que, e como, se concebe todo ser humano dito do bom e do bem. Mas fica isso muito melhor ainda quando se é artista, e quando se ouve e se honra a criança intrínseca, concebida por Deus, cá dentro de nós. Não há bom poeta que não saiba disso também!

Vai então você, a Conceição, a Preta Layon que por isso mesmo, sabe juntar tudo de tudo que vê e que sente na vida, no mundo e na natureza, o que está no chão e o que está no céu, e, pega sua própria íntima natureza para fazer expandir na tela tudo de tudo, para ficar então cheia de seus “ inhos” – de bichinhos, galhinhos, plantinhas, florzinhas, folhinhas, casinhas, igrejinhas, coisinhas e mais e mais coisinhas tão engraçadinhas e com todas as corzinhas.

Sim, Preta Layon, assim é como você pode ser vista por quem quiser, a mulherzinha a esposazinha e a mãezinha mas; sempre junta com os favores de sua própria menina menininha interna, a lhe mostrar tantos e tantos caminhos que por aqui, que por lá e que por aí percorre a sensibilidade humana, e que você retrata na tela em forma de apelo e de resgate. Esta sensibilidade que hoje se perde nos labirintos da existência sofrida e desvairada da apelidada modernidade .

Na foto, de pé segura você, pintorazinha grande d’alma, suavezinha, tímidazinha, modestazinha, vestidinha de rosinha o seu quadro, que se vê pleno de puerilidade pintada e pura. Pois é, você veio fazer ficar à luz, a mensagem enfática que grita lá de dentro da tela grande, no meio daquelas coisinhas todas suas, suas conceições de mulher, com coraçãozinho grande de menina.

Sim, você veio dizer, para quem muito ou tanto precisa saber, que a vida é, e há de ser sempre bela. Diz-nos você isso, inequivocamente evidente, deslizando pelos jardins de cada um de nós.

Arley Camillo

Reportei-me a Manet e seus jardins. A Paul Cezane e a sua turma inaugurando o impressionismo. É fascinante a capacidade e a possibilidade do pintor, de mostrar sua alma, a sua visão e interação com o mundo, em cores pinceladas numa tela. Achei que você fosse insuperável. Não mais que de repente para mim, sou desmentido por esta garota que eu chamaria de Galdi da pintura. Extraiu de seu habitat, sua inspiração, sua imanência, com mãos singelas destacou policromicamente; em vivo e destacado colorido, seu espírito aparentemente adormecido culminando sua transcendência. Desta forma a pintora vê o belo e deixa ao que lhe mira a obra, a opção de senti-lo ou ir em frente como a maioria da manada humana, tangida por outros valores de duvidosa estética ou mesmo ética.

Orestes Petrillo

Conceição não superou a si mesma.
Quem é artista nasce artista e só precisa permitir-se expressar todo o potencial que já carrega consigo. E para isto é necessário tempo e circunstâncias.
É o amadurecimento de sua Alma e de suas emoções mais profundas.
Ela apenas expôs agora toda sua essência, sua matriz sensorial.
Parabéns Conceição.
É muito lindo e expressivo.

Sheila dos Mares

Sua pintura, sua alma, sua grandeza interior estão distintamente aí, em traços e cores.

Maria do Carmo Gamarano